A contaminação do organismo por metais tóxicos é uma preocupação crescente devido aos impactos deletérios que podem causar à saúde. Metais como mercúrio, chumbo, cádmio, alumínio e arsênio são amplamente encontrados no meio ambiente e podem se acumular em nosso organismo ao longo do tempo, causando ainda mais prejuízos à saúde, dependendo da dose e tempo de exposição. Essa contaminação pode ocorrer através do consumo de alimentos, água, ar, produtos de uso cotidiano e o cigarro.
Mercúrio, cádmio e chumbo, mesmo que em baixas concentrações, podem causar efeitos tóxicos ao organismo e afetam de forma significativa, através da competição pela absorção, o metabolismo de minerais essenciais ao organismo, como cobre, ferro, zinco, cálcio, cromo, magnésio, manganês e selênio. Sendo que, a deficiência nutricional desses minerais importantes, pode aumentar a absorção e retenção dos metais tóxicos no organismo.
Existem diversas razões pelas quais o alimento pode contribuir de forma significativa na ingestão de metais tóxicos:
- Presença de concentrações elevadas do contaminante em determinado alimento;
- Elevado consumo, em quantidade ou frequência, de um alimento contaminado;
- Contaminação ambiental do alimento.
O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, tais como refinados e enlatados, pode ocasionar o maior consumo de contaminantes, bem como a redução da ingestão de nutrientes importantes para a manutenção da saúd, contribuindo para a contaminação do organismo.
Sintomas de Contaminação por Metais Tóxicos
A exposição aguda ou crônica a esses metais tóxicos pode levar a uma série de sintomas e problemas de saúde. Os sintomas podem variar dependendo do tipo e da quantidade de metal acumulado, mas incluem dores de cabeça, vômitos, diarreia, dor abdominal, tonturas, arritmia. Além de causarem diversos outros prejuízos à saúde.
A RDC n. 42, de 29/08/2023 da Anvisa, dispõe sobre os limites máximos toleráveis de contaminantes encontrados nos alimentos.
Cádmio
Quando presente em quantidades substanciais no organismo, o cádmio tende a se acumular nos rins e no fígado, e é caracterizado por um longo tempo de meia-vida de cerca de 10 a 30 anos. Este metal está presente em alguns fertilizantes, e principalmente no cigarro, onde se estima que entre 25% e 50% do cádmio inalado seja absorvido pelo corpo.
Os efeitos nocivos do cádmio são preocupantes, causando danos irreversíveis nos rins. Além disso, o coração, a densidade óssea (podendo levar à osteoporose), os vasos sanguíneos, o trato gastrointestinal e o sistema respiratório estão sujeitos a distúrbios decorrentes da exposição ao cádmio. Também há um aumento do risco de câncer de pulmão e próstata associado a essa substância.
A absorção do cádmio no organismo é aumentada em indivíduos com deficiências de cálcio, ferro e zinco.
Chumbo
O chumbo tem a capacidade de acumular-se nos tecidos ósseos ao longo da vida, apresentando uma tolerância que varia conforme a idade, formas e fontes do chumbo, além da composição da dieta do indivíduo. Esse metal tóxico pode ser identificado em diversas fontes, tais como o ar, solo, água, combustíveis, tintas à base de chumbo, cerâmicas, sistemas de encanamento residencial, baterias, produtos cosméticos, plásticos, corantes e alimentos contaminados.
Semelhante ao cádmio, a absorção e retenção do chumbo no organismo também são amplificadas em condições de deficiência de minerais essenciais como manganês, zinco, cobre, cromo, cálcio e magnésio. Os efeitos adversos do chumbo incluem danos ao sistema nervoso, anemia, prejuízos no desenvolvimento infantil e lesões renais reversíveis, que varia conforme o tipo de exposição e também pode provocar o aumento da pressão arterial.
Mercúrio
As concentrações mais elevadas de mercúrio são encontradas na pele, cabelo e unhas, que estão expostos a contaminações atmosféricas e, internamente, nos rins e no cérebro. Além disso, o mercúrio pode estar presente no carvão, em tintas, no ar e em alimentos contaminados, como carnes, laticínios, grãos e frutos do mar. Estes últimos são a principal fonte de mercúrio na dieta. Após a exposição aguda ou crônica, cerca de 90% do metilmercúrio é excretado nas fezes. Intoxicação por mercúrio, pode causar danos ao sistema nervoso, problemas de memória e distúrbios neuropsiquiátricos.
Arsênio
O arsênio acumula-se em maiores concentrações no fígado, nos músculos, na pele, unhas e cabelo e, em particular, nos leucócitos (células do sistema imunológico) e sua toxicidade varia conforme a forma química em que se encontra. A exposição tóxica ao arsênio pode derivar de diversas fontes, incluindo o solo, pesticidas empregados na agricultura, o ar, a água e alimentos contaminados, principalmente frutos do mar. Os efeitos deletérios à saúde são conhecidos há muitos anos, podendo causar câncer de pele e pulmão, além de problemas cardiovasculares.
Alumínio
O alumínio é um metal versátil e amplamente utilizado por diversas indústrias, presente em inúmeros produtos do nosso dia a dia, desde utensílios de cozinha, embalagens, em aditivos alimentares, antiácidos e até itens de cuidados pessoais. Isso gera uma variedade de formas de contato e potencial exposição excessiva. Porém, em indivíduos saudáveis, as pequenas quantidades absorvidas da dieta são eliminadas pelos rins, evitando qualquer acúmulo no organismo.
Por outro lado, em pessoas com insuficiência renal crônica, a exposição ao alumínio assume um risco significativo de toxicidade, devido à redução da capacidade de filtração dos rins, podendo acumular-se em grandes quantidades. A associação entre a exposição excessiva ao alumínio e a doença de Alzheimer, assim como outras condições neurodegenerativas, problemas neurológicos, desmineralização óssea e complicações no sistema reprodutivo, já foi observada.
Nutrição Protetora
A alimentação desempenha um papel fundamental na redução da intoxicação por metais pesados. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar a minimizar a absorção, promover a eliminação desses metais e evitar a contaminação do organismo:
- Escolha alimentos orgânicos: opte por alimentos orgânicos sempre que possível, pois eles tendem a conter menos resíduos de pesticidas e metais pesados. Isso é especialmente importante para frutas, vegetais e grãos;
- Inclua alimentos ricos em antioxidantes: antioxidantes, como vitaminas C e E, selênio e zinco, ajudam a combater o estresse oxidativo causado pelos metais pesados. Inclua frutas e vegetais coloridos, nozes, sementes e leguminosas em sua dieta;
- Consuma alimentos ricos em fibras: fibras solúveis e insolúveis reduzem a absorção e auxiliam na eliminação de toxinas dos metais pesados. Alimentos como grãos integrais, legumes, frutas e verduras são ótimas fontes de fibras;
- Aumente o consumo de alimentos detoxificantes: alguns alimentos têm propriedades que contribuem para processo de detoxificação do fígado e podem ajudar a remover metais pesados do corpo. Alho, cebola, brócolis, couve, espinafre, repolho e alcachofra são exemplos desses alimentos;
- Beba água limpa: consuma água filtrada ou mineral de qualidade para evitar a exposição aos metais pesados presentes na água potável. Certifique-se de que o filtro usado seja eficaz na remoção de metais;
- Evite peixes predadores de grande porte: peixes como tubarão, peixe-espada e atum são predadores de topo e tendem a acumular mercúrio em seus tecidos. Opte por peixes menores, como sardinha, salmão e truta, que têm menor risco de contaminação;
- Limite alimentos enlatados: alimentos enlatados podem conter alumínio e bisfenol A (BPA), um composto que pode liberar pequenas quantidades de metais pesados. Prefira alimentos frescos ou em embalagens alternativas;
- Evite utensílios de cozinha de alumínio: panelas e utensílios de cozinha feitos de alumínio podem liberar pequenas quantidades de alumínio nos alimentos. Opte por panelas de aço inoxidável, ferro fundido ou outros materiais seguros;
- Chlorella e Spirulina: essas algas verdes têm sido estudadas por sua capacidade de se ligar a metais pesados no organismo e auxiliar na sua eliminação, mas devem ser consumidas sobre orientação de um nutricionista;
- Evite o consumo de cigarros, pois eles contêm mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo as que foram citadas neste artigo;
- Reduza o consumo de alimentos ultraprocessados, que contém diversos aditivos alimentares e sempre leia os rótulos dos alimentos;
- Consulte um profissional de saúde: se você suspeitar de intoxicação por metais pesados, é importante procurar a orientação de um profissional de saúde qualificado. Eles podem recomendar testes específicos e estratégias de desintoxicação adequadas.
Lembrando que a prevenção é sempre o melhor caminho. Mantenha uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes e evite a exposição excessiva a fontes potenciais de contaminação por metais pesados.
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